Distorções Cognitivas

19.06.23 | Luiz Medeiros

Distorções cognitivas são padrões de pensamento irracionais ou distorcidos que podem levar a interpretações errôneas da realidade. Elas são consideradas distorções porque não correspondem aos fatos ou à lógica, mas são percebidas e aceitas como verdadeiras pela pessoa que as experimenta. Essas distorções cognitivas ocorrem de maneira automática e muitas vezes inconsciente, influenciando a forma como interpretamos as situações, eventos e até mesmo as nossas próprias experiências. Elas podem afetar nossas emoções, comportamentos e tomadas de decisão de maneira significativa.

Existem várias formas de distorções cognitivas, e cada uma delas pode ter um impacto específico em nosso pensamento e bem-estar. Vou apresentar algumas das mais comuns abaixo:

  1. Leitura mental: acreditar que sabe o que os outros estão pensando, mesmo sem evidências concretas. Essa distorção pode levar a mal-entendidos e conflitos interpessoais.
  2. Catastrofização: amplificar a importância de um evento negativo e imaginar as piores consequências possíveis, mesmo quando não há base lógica para isso. Isso pode levar a uma preocupação excessiva e ansiedade.
  3. Generalização excessiva: tirar conclusões gerais a partir de um único evento negativo. Por exemplo, se algo deu errado uma vez, acreditar que sempre dará errado no futuro. Isso pode limitar as oportunidades e a confiança pessoal.
  4. Pensamento dicotômico: enxergar apenas duas opções extremas em uma situação, ignorando as possibilidades intermediárias. Essa visão polarizada pode dificultar a busca por soluções e a tomada de decisões equilibradas.
  5. Filtragem mental: focar apenas nas informações que confirmam as crenças preexistentes, ignorando ou descartando as evidências contrárias. Isso pode levar a um viés de confirmação e à resistência em considerar diferentes perspectivas.
  6. Rotulação global: atribuir rótulos negativos a si mesmo ou a outras pessoas com base em um único traço ou comportamento. Essa distorção pode levar à baixa autoestima e a conflitos interpessoais desnecessários.
  7. Personalização: atribuir a si mesmo a responsabilidade por eventos externos ou aleatórios, mesmo quando não há conexão direta. Isso pode levar a um senso exagerado de culpa e autocobrança.
  8. Pensamento polarizado: ver as coisas apenas em termos de extremos, sem considerar nuances ou pontos intermediários. Isso leva a uma visão dicotômica do mundo, onde algo é bom ou ruim, certo ou errado, sem espaço para ambiguidade.
  9. Abstração seletiva: focar apenas em detalhes negativos ou desfavoráveis de uma situação, enquanto ignora os aspectos positivos. Isso distorce a percepção da realidade e contribui para uma visão negativa.
  10. Desqualificar o positivo: rejeitar ou minimizar experiências, conquistas ou elogios positivos, considerando-os irrelevantes ou não genuínos. Isso pode levar à subvalorização de si mesmo e à falta de reconhecimento das próprias habilidades e realizações.
  11. Pensamento emocional: basear as conclusões unicamente em sentimentos, sem levar em consideração fatos ou evidências objetivas. Isso pode levar a uma tomada de decisão impulsiva e irracional.
  12. Raciocínio emocional: usar emoções como evidências para apoiar uma determinada crença ou ponto de vista, sem considerar a lógica ou fatos objetivos. Isso pode levar a conclusões equivocadas e irrealistas.
  13. Personalização externa: atribuir a outras pessoas a responsabilidade por eventos negativos que ocorrem na sua vida, mesmo quando a conexão é tênue ou inexistente. Isso pode levar a sentimentos de injustiça e ressentimento.
  14. Falácia do controle: acreditar que se tem controle absoluto sobre situações ou eventos externos, quando na verdade existem fatores além do seu controle. Isso pode levar a uma sensação de impotência e frustração.
  15. Visão de túnel: concentrar-se excessivamente em um único aspecto de uma situação, negligenciando informações importantes ou relevantes. Isso pode levar a conclusões distorcidas e decisões inadequadas.
  16. Antecipação negativa: esperar e se concentrar apenas nos aspectos negativos de eventos futuros, desconsiderando a possibilidade de resultados positivos. Isso pode levar a uma atitude defensiva e pessimista.
  17. Viés de confirmação: buscar ativamente informações que confirmem suas crenças preexistentes, enquanto ignora ou rejeita aquelas que as desafiam. Isso contribui para a manutenção de crenças limitantes e dificulta a abertura para perspectivas alternativas.

Essas são apenas algumas das distorções cognitivas mais comuns, e muitas vezes elas se sobrepõem ou interagem entre si. É importante estar ciente delas para desenvolver um pensamento mais equilibrado e realista. Ao reconhecer essas distorções em nosso próprio pensamento, podemos desafiá-las, questionar suas bases e adotar uma perspectiva mais saudável e precisa em relação à realidade. Isso pode contribuir para uma melhor tomada de decisão, uma maior autoestima e um bem-estar emocional mais sólido.